terça-feira, outubro 19, 2004

Por terras de Castela... (continuação)

No dia seguinte ainda tempo para uma foto ao lado da estátua de Unamuno e de seguida saio em direcção a Palência, passo por Tordesilhas para relembrar a História e subo ao lado dos Picos da Europa em direcção a Santander, onde não entro pois viro antes à direita em direcção a Bilbau, a segunda etapa da viagem. Chego já tarde mas ainda visito a zona histórica, catedrais, teatro, plaza mayor, ... Bilbau é uma cidade feia e escura. Não enaganam as suas origens industriais de metalúrgia pesada! No dia seguinte de manhã visito o museu Guggenheim desenhado por Frank Gehry (o tal do casino no parque Mayer). Este museuo é justamente considerado um dos edifícios do século. Vem dar uma luminosidade que falta a Bilbau. Curiosa também a forma como Frank Gehry aproveitou o facto de o museu se encontrar em terrenos mais baixos que os edifícios em redor e ser atravessado por uma ponte (do Calatrava) acabando por decidir envolvê-la(!) com o museu. As exposições não eram nada de especial: um estudo de uma obra de Picasso e um pouco de pop art de uns contemporâneos de Andy Warhol. Bilbau acabou por valer mesmo pelo edifício do museu. Tenho pena mas já não dá para visitar San Sebastian pois tenho que arrancar para os Picos da Europa, próxima paragem. Chego depois de almoço à aldeia de Potes, quartel general de diversas expedições de montanhistas e outros radicais. A actividade é variada: kayaks, canoas, cavalos, caminhada, ... Daqui sigo para Arenas de Cabrales onde janto bem e durmo melhor. No dia seguinte subo de funicular até à aldeia de Bulnes e espreito o mítico e imponente pico Naranjo de Bulnes que faz agora 100 anos foi escalado pela primeira vez. Bulnes esteve durante muito tempo isolada, apenas acessível por um caminho de cabras até que foi construído o funicular. Dá para dormir lá, eu é que no dia anterior cheguei depois das 18h e o funicular já tinha fechado! E neste dia já não dá porque ainda quero conhecer Leon. Fica para a próxima. Os Picos da Europa devem ser muito interessantes em Março quando ainda temos neve mas já apanhamos dias de sol (e de qq modo em Bulnes o alojamento fecha entre Novembro e Fevereiro). No caminho para León passo por Covadonga e mais uma vez imagino José Hermano Saraiva no seu estilo peculiar: "... e foi aqui, no ano de 711, que Pelágio derrotou os mouros e deu início à reconquista cristã da Península Ibérica...". Em León, mais uma vez, anda tudo na rua! Mas hoje não é de estranhar: é véspera de feriado, amanhã é dia de San Fróilan. Visito o centro histórico, janto umas tapas numa esplanada aproveitando o tempo fantástico e estudo o percurso do dia seguinte: a Catedral no seu estilo neorenascentista, tb imponente ou não fosse Leon paragem obrigatória no caminho de Santiago, a casa de Botines (um das poucas obras de Gaudi fora da Catalunha), a plaza mayor (uma decepção depois de ver a de Salamanca) e uma reconstituição muito bem feita de uma feira medieval. No último dia, no regresso, ainda passo por Zamora ("1143, quem não sabe esta data não é bom português!", dizia a minha professora primária...). Almoço junto ao forte (onde foi assinado o tratado?) debaixo de um Sol fantástico que teve a gentileza de me acompanhar toda a viagem e, por fim, regresso a Portugal. Viagem carregada de Cultura e de História, esta! E ficou a ideia de mais três 'viagens pela História' porque agora não deu para ver tudo o que queria: - uma na zona do Bierzo, à esquerda de Leon: Astorga, Ponferrada (último bastião dos templários na Península Ibérica) e Villafranca del Bierzo. - Outra mais para baixo e mais perto de Madrid: Burgos (antiga capital de Castela), Ávila, Segóvia e Toledo (antiga capital de Espanha até Filipe II a mudar para um pequeno povoado perdido no meio da península - Madrid! -, contrariando os conselhos de seu pai, Carlos V, que lhe disse: ' se queres manter o teu império deixa a capital ficar em Toledo, se o quiseres expandir muda a capital para Lisboa, mas se o quiseres perder então muda-a para Madrid'...). - E por fim pelas fortalezas e aldeias históricas da nossa fronteira junto a Almeida. Esta fortaleza, só por si é um compêndio de história. Noutro post que este já vai longo...

PC

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